"A crise sanitária global representada pela pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil no primeiro trimestre do ano, sugerindo custos econômicos e sociais de grande magnitude", contextualizou o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe, nesta terça-feira, durante a coletiva com jornalistas de todo o estado, quando apresentou o balanço anual e as perspectivas da instituição.
Segundo o líder industrial mineiro, diante do cenário pessimista que se desenhava naquele momento, a instituição assumiu seu papel de liderança e uniu esforços para minimizar os impactos econômicos e sociais da pandemia. "Não medimos esforços para apoiar a atividade produtiva, o setor público e a sociedade brasileira, sobretudo, o povo mineiro, participando da elaboração de políticas públicas anticíclicas, assim como atuando no campo da economia e da saúde", afirmou Roscoe.
O industrial reforçou que a FIEMG atuou, proativamente, no diálogo com os governos federal e estadual, sugerindo diversas ações nas áreas trabalhista, tributária, ambiental, econômica, de acesso ao crédito e de energia, merecendo destaque as Medidas Provisórias 927 e 936, as quais preservaram, somente em Minas Gerais, mais de 300 mil empregos - com atuação direta da FIEMG na negociação de soluções que trouxeram alento à indústria e aos trabalhadores.
O balanço de 2020 registra muitas perdas econômicas, assim como a perda de muitas vidas humanas. O país já ultrapassa 170 mil mortes por Covid-19 e projeta-se uma queda em torno de 4% do PIB nacional. "Realizamos esforços hercúleos para reverter expectativas de perdas muito maiores. Esforços que garantiram respostas positivas diante do tamanho da crise que se instalou. Garantiram também a continuidade de muitas empresas, sobretudo, da indústria. Preservaram o maior número possível de empregos e de renda mínima, assim como foram dedicados a minimizar o número de óbitos em função da pandemia do novo coronavírus", explicou Roscoe.
Junto ao governo do Estado, a FIEMG defendeu que a atividade industrial pudesse ser considerada atividade essencial em Minas Gerais. Atuou junto ao fisco federal e estadual para a necessidade de prorrogações e suspensões de prazos para o pagamento de tributos. Participou ainda da renegociação de prazos para o pagamento de débitos e contas para consumidores industriais e de prazos para financiamento para geradoras e distribuidoras de energia, bem como de prazos para o cumprimento de condicionantes ambientais, de Termos e Ajustamento de Conduta e de cobrança para captação hídrica.
No campo da saúde, o presidente da Federação disse que a FIEMG atuou de forma dinâmica na construção do Hospital de Campanha no Expominas, em Belo Horizonte, e de leitos exclusivos para o tratamento da Covid-19 no Instituto Mário Penna, também na capital, e no Hospital Mater Dei Betim-Contagem. Com pioneirismo, a FIEMG liderou a indústria em um movimento de arrecadação de fundos para o projeto Inspirar, da empresa Tacom, extremamente exitoso no desenvolvimento de ventiladores pulmonares, com inteligência e componentes mineiros. "Os equipamentos estão sendo utilizados em dezenas de hospitais em toda Minas Gerais. A FIEMG também se uniu a empresas brasileiras para arrecadar fundos para auxiliar no desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19", lembrou Roscoe.
Por meio do SENAI e do SESI, foram produzidos, em larga escala, itens fundamentais para a proteção da população, como álcool 70% glicerinado, máscaras e jalecos, além da reparação de respiradores em todo o país, desinfecção de ruas e avenidas e investimento em testes rápidos para a identificação da doença em trabalhadores da indústria e na população mineira. O SESI atuou também de maneira informativa, produzindo conteúdo com orientações sanitárias e de saúde, para que as empresas pudessem seguir operando.
Impactos
As medidas de isolamento social adotadas em todo o mundo para conter o rápido avanço da pandemia provocaram um choque de oferta e de demanda, afetando todos os setores, sobretudo o de Serviços. A partir do afrouxamento das medidas de isolamento social e com pagamento do Auxílio Emergencial, percebeu-se o aumento do consumo, que favoreceu a recuperação do varejo. O processo de recuperação está em curso, porém tem se mostrado desigual entre os setores. O varejo e a Indústria recuperaram o nível pré-pandemia no 3º trimestre. Já o setor de Serviços apresenta uma retomada mais lenta.
Na Indústria, a desvalorização do real ampliou a competitividade das exportações e favoreceu a substituição de bens importados pela produção doméstica. A taxa de juros baixa e o crédito imobiliário facilitado contribuíram para estimular a indústria da construção.
Em Minas Gerais, a indústria foi imediatamente considerada atividade essencial e o estado foi destaque na gestão da crise sanitária. O mercado de trabalho formal em Minas foi fortemente prejudicado, mas apresentou melhora no 3º trimestre com um saldo positivo de 5,3 mil postos de trabalho neste ano.
Como perspectiva para 2021, a Federação chama a atenção para a necessidade de acompanhar a deterioração do quadro fiscal e as incertezas relacionadas ao comprometimento com a austeridade fiscal após a pandemia. No acumulado do ano até outubro, o setor público registrou déficit primário de R$ 633 bilhões, que representa 9,1%do PIB. Nesse sentido, alertou Roscoe, a única solução são as reformas econômicas que poderão reduzir as despesas obrigatórias e o aumento da eficiência dos gastos públicos.
"A FIEMG espera que 2021 seja marcado pelo fim gradual das adversidades vividas nos últimos meses. A indústria, cumprindo seu papel perante a sociedade, está pronta para colaborar de forma efetiva com a retomada do crescimento e da geração de oportunidades para todos. Nossa visão é de que voltaremos a crescer no próximo ano, com dezenas de lições aprendidas e com alta de 6% no PIB do setor em Minas Gerais. Estaremos juntos dos mineiros e dos brasileiros nesta necessária e urgente reconstrução", enfatizou o presidente da FIEMG.
Fonte: Assessoria de Imprensa da FIEMG
Foto: Gil Leonardi/Imprensa-MG
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