A Bem Brasil, fabricante de batatas pré-fritas congeladas, troca de presidente no momento em que realiza um investimento de R$ 700 milhões na ampliação da capacidade produtiva. Dênio de Oliveira, diretor-administrativo financeiro da Bem Brasil desde 2019, assume o comando da companhia no lugar de seu fundador, João Emílio Rocheto, que vai para o conselho de acionistas.

A companhia começou a transformação em 2019, passando de empresa limitada a sociedade anônima e adotou regras mais rígidas de governança. Nessa época, a empresa começou a profissionalizar a gestão, com a contratação de Oliveira para a área financeira. O executivo vinha de uma experiência de quase dez anos na Forno de Minas - empresa que desde 2018 tem 49% do seu capital nas mãos da McCain, líder mundial em batatas congeladas. Aos 57 anos, Oliveira tem mais de 30 anos de experiência, com passagens também pelo Grupo Asamar (dono da Ale Combustíveis) e Mannesmann. 

“Estamos planejando essa transição com cuidado há seis meses”, disse Oliveira. Ele acrescentou que, por enquanto, não estão previstas outras mudanças na diretoria. O executivo tem como principal desafio manter um ritmo acelerado de crescimento da companhia em meio a uma competição acirrada.

A Bem Brasil concorre com grupos como BRF, JBS, Minerva e a canadense McCain. De 2017 a 2019, a receita da fabricante cresceu, em média, 54% ao ano. Em 2019, atingiu receita líquida de R$ 1,02 bilhão e lucro líquido de R$ 190 milhões. A companhia não divulgou os resultados de 2020 mas diz que fechou o ano com alta de 15% a 20% na sua lucratividade. 

De acordo com dados da Kantar Worldpanel, de janeiro a outubro de 2020, as vendas de batatas congeladas cresceram 17% em volume, em comparação com o mesmo intervalo de 2019. O preço médio subiu 9%, para R$ 9,19 por quilo. No ano passado, a categoria ampliou a expansão em 6,6 pontos percentuais, para 40,8% dos lares.

“Até 2019, a categoria de batatas congeladas cresce muito substituindo outros congelados, como empanados, lasanha e hambúrguer. Na pandemia, os consumidores levaram batata congelada sem abandonar outros congelados”, disse Bruno Machado, gerente de contas sênior da Kantar. A maioria das vendas foi para famílias com crianças em casa

A Bem Brasil começa a colocar em prática um plano de investimento de R$ 700 milhões para ampliar a produção de 250 mil toneladas para 450 mil toneladas por ano. Os recursos serão usados na instalação de Perdizes (MG) e incluem instalação de novas linhas de produção, importação de equipamentos e construção de área de armazenagem. A companhia também possui fábrica em Araxá (MG). 

Oliveira disse que o investimento será realizado entre 2021 e 2023. Do total, R$ 206 milhões foram captados com a emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) e outros R$ 200 milhões são financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O restante será executado com recursos próprios. O executivo estima começar a operar as novas linhas no fim de 2021.

A Bem Brasil emprega 600 pessoas e espera contratar mais 300 para a nova operação. Até o ano passado, dois terços das batatas usadas pela companhia eram de produção própria. Oliveira disse que já negocia com produtores o fornecimento futuro para garantir a elevação de 80% esperada na produção. “Para esse aumento temos suporte dos produtores da região”, disse Oliveira. 

A companhia não divulga qual será a capacidade produtiva, mas diz que grande parte do abastecimento do mercado brasileiro será feito pela fábrica de Araxá. “Já estão previstas futuras expansões de capacidade. Mesmo com a nova fábrica, o mercado local continuará sendo abastecido também pela planta da McCain, em Balcare, na Argentina”, afirmou Neto. O executivo disse que as vendas da McCain no país recuaram 5% em 2020, em relação ao ano anterior. Para 2021, a previsão é crescer 22% frente ao ano passado.

Fonte: Valor Econômico