Expansão das redes regionais afeta Atacadão
08/11/2019 às 09:58

O desempenho do Carrefour no terceiro trimestre apresentou sentido oposto àquele que se via nos balanços da companhia pouco tempo atrás. O braço de supermercados e hipermercados, que teve um fraco 2018, ganhou vigor, e o Atacadão, o principal negócio dos franceses, perdeu algum brilho no trimestre.

Analistas ressaltaram esse movimento ontem, em relatórios publicados após a apresentação dos números ao mercado. Em dia de pregão com o Ibovespa em alta, a ação chegou a cair 0,8% no início da tarde e fechou o dia com valorização de 0,47%, a R$ 19,17. A ação do rival GPA subiu 0,55%, a R$ 84,20.

De julho a setembro, o Ebitda do Atacadão, que mede o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação, caiu 2,2% e a margem bruta recuou 0,4 ponto, para 15,1%. As vendas líquidas subiram 8,9% e a receita das lojas mais antigas, excluindo o efeito de inaugurações (foram 12 no ano), avançou menos: 1,8%, o menor índice desde o primeiro trimestre de 2018. Essa taxa considera pontos abertos há mais de um ano.

Em teleconferência com analistas, a direção do grupo atribuiu o desempenho das lojas mais antigas à economia ainda fraca, à desaceleração da inflação (reajustes ajudam a turbinar receita) e à forte base de comparação do ano passado. Em 2018, a greve dos caminhoneiros elevou as vendas em julho.

Ocorre que o concorrente Assaí, do Grupo Pão de Açúcar, que também viveu esse cenário, cresceu mais: a receita das lojas mais antigas avançou 3,2% e o Ebitda subiu cerca de 31%. As vendas líquidas do Assaí subiram quase o dobro do Atacadão, cerca de 18%.

Questionado pelo Valor, o diretor financeiro do Carrefour, Sébastien Durchon, disse que há um aumento da concorrência de redes regionais, que a empresa não enfrentava anos atrás. E reforçou que o foco é crescimento, mesmo que seja preciso abrir mão de “um pouquinho de margem”.

“No início não tínhamos concorrência, foi um período mágico. Aí [os rivais] foram aparecendo e nos copiaram. Isso faz parte [...]. Há cinco anos, tínhamos umas 40 aberturas [no segmento de atacarejo], sendo que Atacadão e Assaí abriam 10 lojas ao ano, cada um. Hoje, são 100 lojas inauguradas, sendo que nós abrimos 20. As regionais abrem 60 dessas 100”.

“Então o que se viu [no trimestre] foi um Ebitda que caiu, porque decidimos reagir e mexer no preço, porque buscamos crescimento e, para isso, se for preciso perder um pouquinho de margem, nós o faremos”.

O CEO do Atacadão, José Roberto Müssnich disse que a rede de atacarejo precisou criar “estímulos” para vender mais. Normalmente, isso ocorre ampliando portfólio promocional ou taxas de descontos, por exemplo. “O mercado está mais depreciado, com necessidade de estímulos maiores para gerar venda. Temos trabalhado para equilibrar esses pontos [volumes e margens]”, afirmou Müssnich.

Para o analista Luiz Guanais, do BTG Pactual, as bases de comparação do Atacadão são “difíceis”, afetando os números, mas a rede também foi afetada pela ação de seus competidores. Na avaliação da equipe do Itaú BBA liderada por Thiago Macruz, o braço de supermercados e hipermercados (incluindo o site) e o banco próprio da rede, juntos, conseguiram compensar o Ebitda menor do Atacadão, e com isso, levar os resultados consolidados do grupo a ficar dentro do esperado pelo mercado.

O Ebitda total do grupo Carrefour no Brasil subiu 7,2%, para cerca de R$ 1 bilhão e o lucro líquido aumentou 14,7%, para R$ 448 milhões, no terceiro trimestre.

Os supermercados e hipermercados tiveram alta de 8,8% nas vendas de lojas em operação há mais de 12 meses. Houve aumento de 8% no segundo trimestre e de 2,5% no mesmo período do ano anterior. Foi o maior avanço para um trimestre nos últimos cinco anos. (Fonte: Valor Econômico)

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