A cerveja domina o mercado nacional de bebidas alcoólicas, com 87% das vendas, e deve manter em 2020 o mesmo ritmo de crescimento apresentado nos últimos dois anos, em torno de 2%. Mas a disputa pelo bolso do consumidor promete ficar mais acirrada. Para ficar em três exemplos: a Coca-Cola está vendendo bebida alcoólica, a Heineken lançou uma nova linha de refrigerantes e a Ambev estuda lançar novas bebidas.
Em dezembro, a Coca-Cola estreou no mercado brasileiro de bebidas alcoólicas com a marca de água tônica Schweppes. Começou a vender, em São Paulo, uma bebida mista em três sabores: gin tônica, Spritz e vodca e citrus. A bebida, que mistura destilados com refrigerante, tem teor alcoólico de 5% e compete com outras bebidas mistas, como Smirnoff Ice, da Diageo e a Skol Beats Senses, da Ambev.
Leandro Fontanesi, analista do Bradesco BBI, vê na entrada da Coca-Cola na categoria de bebidas alcoólicas um potencial aumento de concorrência para a Ambev. As engarrafadoras da Coca-Cola, como Coca-Cola Femsa e Andina, podem aproveitar sua capacidade de distribuição (de 1 milhão de pontos de venda, semelhantes à Ambev) para fazer uma investida mais forte em bebidas alcoólicas.
Segundo dados da Nielsen, o mercado de bebidas alcoólicas é muito concentrado em cerveja - responde por 87% do volume consumido no país. A cachaça vem em segundo lugar, com 7% do volume consumido no país. Vinhos e destilados representam, cada um, 3% do volume de vendas no país.
A entrada da Coca-Cola com uma bebida que mistura refrigerante e destilados como vodca e gin é um passo pequeno nesse mercado. Mas, na visão de Fontanesi, pode funcionar como um teste para a companhia investir, mais à frente, em outras bebidas alcoólicas, como cerveja.
Atualmente, essa opção está fora de cogitação, porque a Coca-Cola tem o contrato de exclusividade com a Heineken para a distribuir suas cervejas com exclusividade no Brasil até 2022.
Em julho de 2017, a Heineken comunicou os distribuidores da Coca-Cola sua decisão de encerrar, naquele ano, o acordo de distribuição de cervejas. A decisão foi tomada após a empresa adquirir a Brasil Kirin, que tinha seu próprio sistema de distribuição. Em agosto do mesmo ano, a Heineken e 12 distribuidoras da Coca-Cola no Brasil entraram com pedido de arbitragem para resolver o impasse.
Desde então, a Heineken tem feito a distribuição das marcas adquiridas da Brasil Kirin com seu sistema próprio de distribuição e deixado a distribuição da Heineken com o Sistema Coca-Cola. Em novembro de 2019, um tribunal de arbitragem do Rio de Janeiro decidiu pela manutenção da vigência do contrato até 2022, prazo original para o seu encerramento. Por causa desse contrato, a Coca-Cola não pode competir no mercado de cervejas até 2022.
A Heineken, por sua vez, lançou em 2019 uma linha nova de refrigerantes, com a marca FYs. “Esses competidores parecem estar buscando criar portfólios mais fortes de bebidas para fortalecer suas posições no mercado após o término do contrato”, afirmou Fontanesi em relatório.
A Ambev possui 59,1% de participação no mercado de cervejas e em torno de 15% na categoria de refrigerantes - incluindo o Guaraná Antarctica e as marcas da Pepsi, que são produzidas e vendidas pela companhia. A Heineken tem 22,5% em cervejas e 5% em refrigerantes, com as marcas Schin e Itubaína. A Petrópolis tem 14,5% no mercado de cervejas.
O novo CEO da Ambev, Jean Jereissati, disse recentemente que a Ambev planeja explorar novos segmentos de bebidas. Como exemplo, ele citou o lançamento da Skol 150 Beats BPM. Fontes do mercado consideram que a empresa possa começar a investir na categoria de destilados.
O Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), que reúne empresas responsáveis por 80% da produção da bebida no país, incluindo Ambev e Heineken, estima para 2020 um crescimento no volume de vendas de cerveja de aproximadamente 2%. Em 2018, o crescimento do setor foi de 2% e, em 2019, ficou entre 1,5% e 2%, disse Luiz Nicolaewsky, superintendente-executivo do Sindicerv.
A Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), que reúne Grupo Petrópolis, Brassaria Ampolis, Cervejaria Lund, Cervejaria Krug Bier. Imperatriz Cervejaria e Cerveja Bendicta, estima que o mercado pode crescer até 4% se a economia apresentar um ritmo mais acelerado neste ano em relação a 2019. “O ano de 2020 tende a ser um pouco melhor para a indústria cervejeira, com recuperação
Petroni observou que a competição de preços cresceu em 2019. Como resultado, a inflação da cerveja consumida fora do lar ficou em 1,19% no ano, ante inflação geral de 3,91% em 2019, de acordo com dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA). A inflação da cerveja consumida no lar ficou em 2,93%, também abaixo da inflação geral. “A guerra comercial entre as empresas para ganhar mercado em volume deve continuar em 2020”, disse Petroni.
Nicolaewsky disse que 2019 foi um bom ano para os associados do Sindicerv e as perspectivas são positivas para 2020. Ele citou como fatores positivos o aumento no nível de emprego formal no país, a inflação baixa, a perspectiva de crescimento de 2,3% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. (Fonte:Valor Econômico)
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