Empresas que antes da pandemia da covid-19 corriam o risco de fechar as portas viram na crise uma oportunidade para se reerguer. A Mega Química e a Contém 1g, por exemplo - ambas em processo de recuperação judicial - tentam se salvar com a produção de álcool em gel.
A primeira, que já fabricava o produto, triplicou o faturamento e a segunda, do setor de cosméticos, iniciou recentemente a produção e está usando parte da mercadoria como moeda de troca para o pagamento de dívidas.
A Mega Química é uma empresa familiar que fica no interior de São Paulo. Entrou em recuperação judicial em 2015, com dívidas de mais de R$ 10 milhões. O orçamento, antes do coronavírus, era de cerca de R$ 1,2 milhão e, segundo seus representantes, havia extrema dificuldade em cumprir com as obrigações financeiras.
Em fevereiro, em meio às primeiras notícias de suspeita da doença no país, a situação começou a mudar. No mês seguinte, faturou R$ 3,6 milhões e hoje tem outros R$ 20 milhões em encomendas já feitas por clientes. A Mega Química ampliou instalações e contratou empregados. Antes eram 20, hoje são 80 funcionários para conseguir entregar os pedidos no máximo em 30 dias.
“A empresa manteve o preço dos produtos e está recebendo pedidos de todas as esferas, municipal, estadual e federal”, diz o advogado Ricardo Siqueira, sócio do escritório RSSA, que representa a companhia no processo de recuperação. “Está vendendo tudo o que pode agora para tentar, com esse impulso, sair da recuperação judicial e se tornar uma empresa saudável.”
No caso da Contém 1g, precisou haver uma adaptação. A empresa vende cosméticos. Mas em meio à crise do coronavírus e a escassez de álcool em gel no mercado, vem tentando se reinventar. Lançou uma linha especial do produto assim que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, em 20 de março, empresas de medicamentos e cosméticos a fabricarem e comercializarem álcool em gel.
Conhecida por vender maquiagem, a marca tem hoje como destaque principal no seu site os frascos de álcool em gel. São quatro embalagens diferentes - a menor, de 55 gramas, sai por R$ 5,00 a unidade, e a maior, de quatro quilos, tem preço de R$ 115,00. Além da oferta ao consumidor, a Contém 1g tem usado parte da mercadoria que fabrica para pagar despesas correntes e quitar dívidas.
O administrador da recuperação judicial da Contém 1g, a empresa R4C, por exemplo, que estava com os seus honorários atrasados, aceitou receber álcool em gel como parte do pagamento. “Todo mundo está precisando hoje em dia”, diz Luiz Augusto Winther Rebello Jr.
Fonte: Jornal Valor Econômico
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