SUSTENTABILIDADE: L’Oréal busca operação mais ‘verde’ até 2030
26/06/2020 às 09:07

Com um plano de sustentabilidade que inclui emissão menor de fornecedor, até o fim do ano nenhum ingrediente usado nos produtos da L'Oréal poderá estar relacionado ao desmatamento. Estabelecida em 2014, a meta ilustra o peso que a sustentabilidade vem ganhando dentro da estratégia corporativa da multinacional francesa, cujos produtos são consumidos por cerca de 1,5 bilhão de pessoas no mundo. Esse esforço será ampliado ao longo da próxima década em várias frentes: até 2025 a companhia pretende que todas as suas instalações, inclusive fábricas, sejam 100% supridas com energia de fontes renováveis.

A adoção de energias renováveis é apenas um dos compromissos globais na área de sustentabilidade que a L'Oréal divulga hoje, para o período que vai até 2030. “Não estamos fazendo escolhas fáceis”, diz Alexandra Palt, vice-presidente global de sustentabilidade da companhia, acrescentando que algumas da metas são difíceis de ser atingidas.

No caso da energia renovável, a companhia se encontra num patamar confortável para chegar à meta proposta para 2025, acredita a executiva. Hoje, 66% da energia usada nas instalações industriais da L'Oréal já é oriunda de fontes renováveis.

No setor administrativo, o percentual supera 50%. A companhia não revela o valor investido no plano global. Na semana passada, a concorrente Natura &Co anunciou investimentos mundiais de US$ 800 milhões em sustentabilidade até 2030.

Dentro do conjunto de novos compromissos, a L'Oréal estipulou a redução de 50% nas emissões diretas de carbono de seus “fornecedores estratégicos”, na comparação com 2016. São fornecedores diretos que respondem por 80% das compras da companhia. Todos os fornecedores da multinacional já precisam ter uma política de sustentabilidade e informar suas emissões de carbono. “Nós avaliamos cada fornecedor pela sua capacidade de inovação, performance econômica e, também, pelo seu desempenho em termos de sustentabilidade”, conta Alexandra.

“Agora estamos dando um passo adiante e dizendo: ‘Não queremos apenas que você informe suas emissões de carbono e que tenha um plano de como reduzi-las. Nós também vamos nos empenhar em conjunto com você nos resultados’. Sim, nós vamos convidá-los, colaborar com eles e acompanhar nossos fornecedores para que eles possam reduzir suas emissões de carbono”, acrescentou.

O compromisso da L'Oréal é de que, até 2030, 100% dos insumos baseados em materiais ou processos biológicos terão de ser rastreáveis desde a origem e provenientes de fontes sustentáveis.

Alexandra reconhece que é extremamente complexo rastrear a origem de matériasprimas “até a fazenda”, mas cita o exemplo do acompanhamento que a companhia faz da produção do óleo de palma. Trata-se de um insumo usado não só em cosméticos, mas também na fabricação de velas, alimentos, sabonetes, lubrificantes e uma miríade de outros produtos.

É produzido a partir dos frutos de uma palmeira. O cultivo dessa planta é apontado por organizações não governamentais voltadas para a defesa da biodiversidade como um motor do desmatamento em países da Ásia, da África e da América Latina.

Para contornar o problema, a L'Oréal só compra diretamente óleo de palma cujos processos de elaboração foram certificados como sustentáveis. Além disso, desenvolveu com terceiros uma metodologia para rastrear a matéria-prima até os pequenos produtores rurais no início da cadeia de suprimentos. O rastreamento é tarefa complexa, já que o insumo passa por uma série de transformações antes de ser aproveitado na fabricação de cosméticos, por exemplo.

Presidente executivo e do conselho da L'Oréal, Jean-Paul Agon afirmou em comunicado recente que o mundo vive “uma emergência” em termos ambientais. Perguntada sobre a urgência de reduzir o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente, Alexandra é direta: “Nós acreditamos na ciência. Hoje os cientistas nos dizem, e esta não é apenas uma hipótese de um cientista mas 99% deles, que a atividade humana vai colocar em risco o [chamado] ‘espaço operacional seguro’ para a espécie humana”

FONTE: Valor Econômico

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