Os resultados do Carrefour Brasil do último trimestre mostram que o apetite não foi afetado pelo isolamento social. Um dos reflexos diretos foi a decisão de contratar 5 mil funcionários para incorporar aos 87 mil colaboradores da rede. Um aumento substancial de 6% no quadro. Para a alta direção da companhia, não há exagero ou precipitação. “Buscamos crescer de maneira orgânica”, diz o CEO do grupo no País, Noël Prioux.
Os novos contratados – por meio de processo seletivo on-line – passam a ocupar espaços deixados por funcionários afastados e que se enquadram no grupo de risco do novo coronavírus, além de atuar nas plataformas digitais de entrega, cujas operações dispararam desde o início do isolamento social. Quando parte do time afastado estiver de volta, os contratados serão realocados nas 30 novas lojas do grupo, compradas do Makro em fevereiro por R$ 1,95 bilhão. Essas unidades serão incorporadas à bandeira Atacadão, que integra o grupo francês. Ao todo são 698 lojas (entre hipermercados, drogarias, postos, conveniência), das quais 190 da marca de atacado e varejo do grupo. A perspectiva é de que as novas unidades possam ser abertas ao público entre o fim do ano e início de 2021, caso o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprove a aquisição até setembro.
A compra das lojas vai ser decisiva para aumentar a distância entre a rede e seu principal concorrente em solo brasileiro, o Grupo Pão de Açúcar (GPA), controlada pelo maior rival do Carrefour, o também francês Casino. Enquanto o Carrefour fechou 2019 com faturamento de R$ 62,2 bilhões, o GPA vem na cola, com R$ 61,5 bilhões. Uma diferença de 1%. A estratégia de aquisição envolve a expansão não apenas numérica, mas também geográfica. “A localização foi um fator importante”, diz Prioux. “E agregando à bandeira Atacadão, vamos conseguir ampliar as vendas e atingir algumas cidades onde não tínhamos presença.” Do total das novas lojas, oito estão no Nordeste, sete no Rio de Janeiro e três no Rio Grande do Sul. Nenhuma delas em São Paulo. “Essa aquisição vai representar um crescimento equivalente a um ano e meio”, afirma o CEO.
A aposta também faz sentido quando olhada no detalhe. A rede Atacadão, que faturou R$ 10,8 bilhões no primeiro trimestre, alta de 13,6% em relação aos três primeiros meses de 2019, registrou grande procura por itens de cesta básica, com preços mais baixos quando comprados em quantidades maiores. Colaborou para a performance o fato de que boa parte das redes do varejo, com exceção no segmento de alimentação, estava fechada, a aí os hipermercados viraram também espaços de compras para itens eletrônicos, eletrodomésticos e até roupas.
(Fonte: Isto É Dinheiro)
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