Vinho mostra força durante a pandemia
13/07/2020 às 09:21

O fechamento de bares e restaurantes durante a pandemia deve levar a uma queda de 18% nas vendas de bebidas alcoólicas neste ano, em relação a 2019, somando R$ 184,75 bilhões, segundo a Euromonitor International. Já os vinhos, cujo consumo em casa aumentou na quarentena, terão queda mais suave, de 8,3%.

Para Rodrigo Mattos, analista da indústria de bebidas alcoólicas da Euromonitor, o comércio eletrônico melhor estruturado para a venda de vinhos e o inverno mais frio neste ano ajudaram. “Temos também o fator social, já que as ocasiões de consumo fora e dentro de casa para vinho são mais parecidas”, disse Mattos.

As vendas de vinho crescem durante a pandemia, de acordo com varejistas e fabricantes. Rodrigo Pimentel, diretor de Ecommerce do Grupo Pão de Açúcar (GPA), disse que os clientes que compravam uma garrafa por mês passaram a comprar duas durante a pandemia. Quem comprava três por mês, passou a levar quatro. Também cresceu a procura por vinhos finos, com preços acima de R$ 100 a garrafa, quando a maioria das vendas costuma ser de vinhos de R$ 30 a R$ 40 a unidade. “Os consumidores estão fazendo mais eventos em casa e se permitindo tomar um vinho melhor, algo que fariam no restaurante”, disse Pimentel.

O executivo disse que chegou a ter picos de 400% de crescimento nas vendas on-line durante a pandemia. Em um dia de promoção feita no começo de junho, chegou a vender 230 mil garrafas, num total de R$ 10 milhões. “Vendemos mais do que na Black Friday”, disse Pimentel. O executivo acrescentou que, no GPA, a procura por vinhos importados se mantém a mesma. Os mais vendidos nessa categoria provêm do Chile, da Argentina, de Portugal, da Itália e da França.

Marcelo D’Arienzo, CEO da Wine.com.br, disse que o número de clientes aumentou 30% desde março. “As vendas também cresceram nesse nível”, afirmou. A Wine.com.br fechou maio com 165 mil assinantes. D’Arienzo disse ter visto uma mudança no perfil de compra. O preço médio da garrafa vendida durante a pandemia foi de R$ 50, ante uma média anterior de R$ 36 a R$ 40. D’Arienzo disse que não reajustou preços no período. “Existe uma procura maior por vinhos para harmonização com pratos para uma refeição especial em casa”, acrescentou.

A Vinícola Aurora, maior competidor em vinhos no país, segundo a Euromonitor, informou que de janeiro a maio suas vendas de vinhos finos cresceram 59% frente a um ano antes. As vendas de vinhos de mesa avançaram 24% e as vendas de espumantes cresceram 53%.

Com o valor que se gastava em uma garrafa no restaurante é possível comprar três no supermercado. Os consumidores fizeram a conta e estão tomando mais vinho em casa”, afirmou Hermínio Ficagna, diretor-superintendente da Vinícola Aurora. O executivo acrescentou que os preços dos vinhos nacionais subiram em linha com a inflação, enquanto os importados subiram dois dígitos, estimulando mais as vendas da bebida nacional. Para o ano, a Aurora trabalha com previsão de aumento de 12% nas vendas. Em 2019, a empresa vendeu 21 milhões de litros de bebidas e faturou R$ 558 milhões.

Fonte: Valor Econômico

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