A pandemia rompeu barreiras, acelerou tendências e fez transformações esperadas para os próximos 5 anos chegarem em 5 meses. Segundo levantamento da Kantar, líder global em dados, insights e consultoria, entre março e agosto deste ano, 21% dos brasileiros fizeram uma compra online de comida ou bebida pela primeira vez na vida e 12% dos lares também passaram a comprar bens de consumo massivo (FMCG) pelo telefone.
Tudo indica que esses hábitos vão continuar para 53% da população quando a crise sanitária acabar. 40% pretendem continuar comprando online, mas 18% sinalizaram que vão reduzir ou parar de usar e-commerce.
A insatisfação do shopper com o canal é um alerta e uma oportunidade de melhoria aos varejistas, já que 29% dizem não conseguir encontrar nele todo o sortimento que buscam, além de se queixar de atrasos na entrega e preços mais altos do que na loja física. No entanto, apesar de o e-commerce ser a pior modalidade avaliada no quesito velocidade, mais da metade dos consumidores brasileiros pretende continuar usando alternativas que se popularizam no abastecimento de FMCG nos últimos meses, como WhatsApp, telefone e aplicativos.
Além da explosão de canais online que o cenário atual de transformação constante instituiu, outras mudanças no comportamento do consumidor também se mostram persistentes em longo prazo quando o tema é mix no varejo de bens de consumo massivo. O primeiro deles é entender o bolso do brasileiro e como a pandemia não afeta a todos da mesma forma: 51% declararam tersofrido impacto negativo na renda e temos visto taxas de desemprego que não param de crescer. Neste cenário, 42% dos brasileiros declararam que receberam ajuda de governo em dinheiro e que utilizaram esse aporte principalmente para compra de alimentos, bebidas e limpeza dentro dos lares ou mesmo para pagamento de contas essenciais, como água, luz, telefone e internet.
Quando avaliamos quem sustentou o consumo dentro dos lares, temos como destaque a classe DE (+7% em unidades compradas), que incrementou novas ocasiões de consumo com mais cafés da manhã e jantares sendo preparados em casa. Já a classe AB aumentou em 38% o uso de delivery no último trimestre.
Ficando mais tempo em casa, as ocasiões de consumo in home cresceram 10%, principalmente no café da manhã (+14%) e almoço (+12%). E na hora de comprar e preparar as refeições, prazer, conveniência e saudabilidade, uma tendência já presente pré-Covid, são as principais razões de escolha e preparo dos pratos.
Já quando o assunto é saudabilidade, é preciso estar alerta, já que é um conceito relativo com diferentes percepções entre os grupos sociais. Nas classes AB, a busca por uma alimentação saudável inclui consumo de frutas, saladas, legumes, castanhas e iogurte, enquanto entre as classes CDE a categoria saudabilidade abrange arroz, feijão, cereais infantis, leite em pó, sucos e vitaminas caseiras.
No geral, os brasileiros têm consciência sobre a importância e benefícios dos produtos considerados mais saudáveis. 57% declaram preferir alimentos orgânicos, 32% buscam produtos sem lactose e 40% sem glúten. Porém, 35% consideram o preço uma barreira para consumo desse segmento.
Ainda falando da cesta de produtos, durante a pandemia todas as classes incluíram novas categorias nos carrinhos. Desinfetante é unanimidade. Além dele, a classe DE passou a comprar mais pães industrializados, maionese e farinha de trigo. A classe C adotou a presuntaria e, a classe AB, a cerveja e o requeijão.
Todas essas mudanças no comportamento do consumidor chegam também às escolhas dos canais. Proximidade e preço são os critérios mais usados na hora de escolher o ponto de venda adequado. Por conta disso, o pequeno varejo ganhou 3 milhões de novos lares compradores e o varejo tradicional mais de 2 milhões no último trimestre, ao mesmo tempo em que marcas próprias, que têm preço até 10% mais baixo que a média do mercado, passaram a ser consumidas pela primeira vez por 2 milhões de brasileiros e o Atacarejo segue mantendo a tendência de crescimento, atraindo 4 milhões de brasileiros, com uma média de preços até 15% mais baixos.
Com a desaceleração da pandemia, vemos uma mudança nas missões de compra dos brasileiros. Se no início víamos compras de abastecimento, hoje, com a flexibilização e maior adaptação às novas rotinas, as missões de compras menores começam a ganhar mais relevância e compras de proximidade crescem 10%, assim como missões de reposição / urgência (+9%).
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