Os prejuízos causados pela paralisação dos caminhoneiros são difíceis de calcular para o setor de hortifrutigranjeiros de Minas Gerais. Com os bloqueios que impediram o transporte dos alimentos, produtores, na maioria de pequeno porte, descartaram a produção no campo. Os prejuízos acumulados vão refletir na produção futura, uma vez que houve investimentos e nenhum retorno financeiro.
A tendência também é de alta nos preços para o consumidor. Ainda não se tem previsão de quando a oferta de hortifrutigranjeiros será retomada. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros das Ceasas de Minas Gerais (Aphcemg), Ladislau Jerônimo de Melo, a situação é grave e os prejuízos aumentam a cada dia que os produtores não conseguem escoar a produção. Dentre os alimentos perdidos pela falta de transporte estão repolho, couve-fl or, tomate, folhosas, cenoura, mamão, banana, entre outros. A Aphcemg possui cerca de 13,5 mil associados em todo o Estado.
Deste total, 70% são produtores familiares. A participação destes produtores na oferta de alimento é grande. Em média, são entregues nas unidades da Ceasa Minas entre 300 e 400 toneladas de produtos por dia nas quartas, quintas e sextas-feiras. Nas terças, quintas e sábados o volume ofertado gira em torno de 150 toneladas. Entre os alimentos estão hortaliças, legumes, frutas e ovos. “A maioria dos nossos associados é de pequeno porte e da agricultura familiar. Nosso principal ponto de comercialização é a unidade de Contagem das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas), mas, com os bloqueios das rodovias estamos há mais de uma semana sem conseguir escoar a produção.
A situação é muito complicada porque nossos produtos são perecíveis e perdem facilmente. O produtor está acumulando todo o prejuízo, o que compromete a capacidade de novos investimentos”, explicou Melo. Melo ressalta que uma pequena parte dos agricultores está conseguindo comercializar os produtos. “Hoje, dentro da Ceasa Minas só chegam produtos da região próxima a Belo Horizonte, como dos municípios de Sarzedo, Bonfi m e Piedade, por exemplo”. Porém, a produção mais volumosa está concentrada em municípios mais distantes próximos a Carmópolis de Minas (Centro-Oeste), Carandaí (Central), Barbacena (Central) e Lagoa Dourada (Central), por exemplo. “Nestas localidades não tem como escoar a produção porque as rodovias estão fechadas. Além disso, corre-se o risco de encher o caminhão e não encontrar compradores nas centrais de abastecimento, já que os nossos compradores também encontram difi culdades para transportar as cargas pelos bloqueios e falta de combustível. A situação é crítica”, disse Melo.
Investimentos
Melo explica ainda que a produção de legumes, frutas e hortaliças pode ficar comprometida após a liberação das rodovias e regularização do transporte. Isto porque a maior parte dos produtores investiu no plantio, que tem custos elevados, e não obteve retorno fi nanceiro em função do descarte da produção. “O produtor de hortaliças e frutas já vem enfrentando uma crise difícil de baixos preços e insumos muito caros, com as perdas a situação se complica ainda mais. Não temos como mensurar as perdas provocadas pela paralisação. Mas sabemos que para a maior parte os produtos, como as folhosas e os legumes, não tem como adiar a colheita e precisam ser descartados. Não conseguimos remanejar a produção para o mercado local, porque são grandes volumes. É um prejuízo que compromete a capacidade de investimentos dos agricultores”.
Morosidade
A expectativa é que a situação se resolva o mais rápido possível. Melo critica a morosidade do governo federal em relação ao protesto dos caminhoneiros. “O governo demorou muito a tomar uma atitude e fechar acordo com o setor de transporte e, isso vem causando diversos prejuízos. Nosso Estado é muito grande e depende dos caminhoneiros para escoar a produção. Por isso deveriam respeitar mais o setor”, explicou.
(Fonte: Diário do Comércio)
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