Cartão de crédito é extensão de renda para 20% de seus usuários
04/06/2018 às 10:27

Embora o cartão de crédito seja a modalidade de crédito mais popular entre os brasileiros, ele vem se tornando um problema para uma parcela dos consumidores. Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL) aponta que um em cada cinco usuários de cartão de crédito (20%) utilizam o meio de pagamento como extensão da própria renda. Ou seja, acabam recorrendo a esse tipo de crédito para continuar comprando quando o salário do mês acaba e, assim, adiar o pagamento.

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o grande perigo de achar que o cartão de crédito funciona como renda complementar é o endividamento, porque muitos perdem controle dos gastos e compram além do que conseguem pagar quando a fatura chega. “É preciso cuidado. Se o dinheiro que o consumidor dispõe já não está sendo suficiente para cobrir os atuais gastos, certamente não será o bastante para pagar as despesas do mês seguinte, quando terá de arcar com a fatura do cartão de crédito e também quitar as contas do mês”, alerta a economista.

Por outro lado, 44% dos entrevistados que utilizam o cartão afirmaram usá-lo apenas em casos de necessidades pontuais ou imprevistos, ao passo que 38% o fazem para parcelar as compras e 34% para facilitar o pagamento na internet. “Se bem empregado, o cartão é uma maneira inteligente de concentrar as compras realizadas durante o mês em uma única conta, possibilitando um melhor controle dos gastos”, observa o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.

O levantamento mostra ainda que quatro em cada dez consumidores (41%) usuários de cartão já deixaram de fazer compras em estabelecimentos por não aceitarem essa forma de pagamento, sendo que destes 41% deixaram de ir a bares, restaurantes e lanchonetes, 35% não compraram com ambulantes e 19% desistiram de abastecer em postos de combustível. Outros 27% acabaram pagando suas compras de outra forma.

Internet

Na maior parte das vezes (46%), o cartão de crédito é usado para fazer compras pela internet. Já 44% usam quando não estão com dinheiro para pagar à vista e 37% se o valor da compra for elevado. Outros 24% disseram utilizam o cartão em quase todas as compras, independentemente do valor do bem adquirido.

A pesquisa também constatou que mais da metade dos gastos realizados com cartão de crédito (54%) são para comprar roupas, calçados e acessórios ― percentual que aumenta para 60% entre as mulheres. Em seguida vêm os eletrônicos (44%), as compras de supermercado e alimentos para a casa (43%) e itens de farmácia (40%).

Rotativo

Em vigor desde abril de 2017, as novas regras do rotativo do cartão ainda são vistas com cautela pelos entrevistados. Dentre os consumidores que já pagaram o mínimo da fatura do cartão de crédito alguma vez e conhecem a nova regra do rotativo (80%), quase um terço (28%) não considera as novas regras favoráveis. Para eles, os juros continuam abusivos e o valor da dívida permanece alto (10%). Já 58% dos entrevistados enxergam que a mudança tem contribuído de alguma forma, principalmente por ver o valor da parcela negociada junto ao banco caber no orçamento (46%).

 

“Ao contrário do que acontecia, o consumidor que hoje não consegue arcar com o valor integral de sua fatura pode fazer o pagamento mínimo apenas uma única vez. Na fatura seguinte, ele não consegue rolar a dívida como antes, por ter de pagar a fatura total”, explica Marcela Kawauti. “Caso isso não aconteça, o banco é obrigado a oferecer uma linha de crédito mais barata do que a taxa do rotativo, de modo que o consumidor negocie e parcele sua dívida”, conclui.

 

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