Nos próximos 45 dias, a gestora de private equity Advent vai começar a detalhar os planos para o grupo Walmart no Brasil. A empresa está definindo os executivos, as marcas e formatos que serão estratégicos para expandir a operação, segundo Patrice Etlin, que comanda a Advent na América Latina.

Já há um esboço do caminho que a gestora, que comprou 80% da operação brasileira do Walmart, quer seguir. A ideia é aumentar o número de lojas da bandeira Maxxi, de atacarejo, e também da bandeira Todo Dia, de supermercados, mas ainda não há números definidos.

"Vamos desenvolver o formato de atacarejo, modelo que o Walmart nunca acreditou e investiu, o que deve ser feito com conversões de lojas de hipermercados em atacarejo", disse Etlin ontem, em um congresso promovido pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap) em São Paulo. "Também tem uma estratégia importante para lojas de proximidade e conveniência. A bandeira do grupo para isso hoje é a Todo Dia, no Nordeste."

Segundo Etlin, a estratégia de crescimento para a rede será menos voltada para expansão orgânica e mais para administração e conversão da estrutura existente. O executivo destacou ainda que acredita na expansão da marca de clube de compras Sam's Club. Nessa bandeira e também na marca Walmart, a Advent pagará royalties à varejista americana, que ficou com 20% da subsidiária. As taxas não foram reveladas. Para o comércio eletrônico, a ideia é continuar a crescer no formato de "marketplace" (shopping virtual), que a rede já tinha adotado desde o fim de 2017.

A decisão também já foi tomada sobre alterar a política de preços da rede, do modelo de "preço baixo todo dia" - que mantém valores estáveis, sem grande volume de ofertas - para o chamado 'high low', com oscilação maior de preços. "O consumidor brasileiro quer entrar na loja e ver promoção", disse Etlin. Ainda não houve contato com os fornecedores sobre a mudança comercial.

A Advent vai investir "bilhões de reais" no negócio, mas não revela a cifra. Será o maior investimento na América Latina - até então, o maior havia sido no Terminal de Contêineres Paranaguá (TCP), de US$ 450 milhões. O capital virá do fundo regional da Advent e do fundo global e o investimento será feito ao longo de dois anos.

"A Advent é um sócio que vai dar foco ao negócio, que hoje só representa 2% do faturamento global do Walmart, trazer investimentos e dar agilidade com uma gestão local", disse Etlin. Isso é relevante, segundo ele, uma vez que o processo decisório era demorado e complicado, com a centralização na matriz americana. Por outro lado, a permanência do grupo como minoritário traz o benefício da posição global do Walmart, como o relacionamento da rede com fornecedores, segundo o executivo.

A gestora considerou os méritos específicos do negócio de varejo e do Walmart para fechar a aquisição, desconsiderando o cenário de instabilidade macroeconômica. "Varejo é um setor 'core' da Advent, o que nos deu uma certeza muito maior para a decisão de investimento, mesmo no contexto da greve da semana passada", disse Etlin.

(Fonte: Valor Econômico)