Comércio e serviços se preparam para a Copa
08/06/2018 às 10:58

Empresários mineiros e sindicatos dos comércios e das indústrias têm opiniões divergentes sobre a expectativa de vendas no período da Copa do Mundo na Rússia, já que os impactos variam de acordo com o segmento de cada um. Mas o consenso geral é que o evento pode render lucro para setores específicos do comércio, como o de eletroeletrônicos, vestuário esportivo e bares e restaurantes. Por outro lado, para o comércio geral o período é de pouca fartura, já que nos dias de jogos do Brasil o setor é considerado um “peso morto”, ainda que o espírito festivo figure em lojas e negócios na decoração e nas cores do Brasil. Para não sofrer muito com o prejuízo, o jeito é usar a criatividade, lançar produtos temáticos e eventos comemorativos para os dias de jogos da seleção.


A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), por exemplo, está pouco otimista quanto ao período. “O que a gente observa tendo como retrovisor as Copas passadas é que durante o evento há um conflito entre tempo de trabalho e tempo para ver os jogos e festejar. É claro que há setores que tiram mais proveito nesta época, como os bares, as lojas de produtos esportivos, as lojas de eletroeletrônicos com a venda de TVs, mas outros setores, como o de materiais de construção, por exemplo, papelaria, sentem o impacto negativo, porque vão ter o horário reduzido em função dos jogos e as vendas tendem a cair”, explica o presidente da CDL-BH, Bruno Falci.

Já o analista do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG), Breno Oliveira, cita como exemplos positivos os pequenos empresários que investem em artesanato, confecção de roupas e materiais de decoração com as cores do Brasil. “É um evento aguardado no mundo todo e tem um movimento do comércio muito voltado para a venda de artigos, penduricalhos, camisas, bonés. Nos meses junho e julho ocorre um aumento esperado nas vendas de bebidas e alimentos, bolas, camisetas. Em conversa com empresários do ramo de artigos de futebol, por exemplo, eles esperam um aumento em torno de 30% neste período. No entanto, diferente do que aconteceu na última Copa, que foi no Brasil, não há investimento na criação de novos negócios e empresas, mas sim, no aumento dos estoques”, pontua.

O presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado de Minas Gerais, Luciano José de Araújo, explica que não houve uma grande produção da indústria neste sentido. “Em Minas a gente está mais focado em moda festa, moda íntima, e em termos de Copa, o que mais vende são as roupas esportivas, de futebol, o que não é o grande polo de fabricação do setor. Hoje, o foco está mais no comércio e não na indústria e, nela, o período de impacto que poderia acontecer já passou, que é o período anterior a Copa quando o comércio demanda a produção”.

Quanto ao comércio, o presidente do Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas), Nadim Donato, reforça que o comércio no período de Copa tende a crescer somente em alguns segmentos como os já citados. “Nos demais segmentos do comércio a tendência é que as vendas caiam, contando que na maioria dos jogos do Brasil e jogos mais especiais, as pessoas param as suas atividades para acompanhar as partidas”, comenta, lembrando que nos dias de jogos, os comerciantes costumam fechar as portas por pelo menos quatro horas.


Criatividade 

 As previsões não tão otimistas não desestimulam a criatividades dos empresários, mesmo os que não estão tão confiantes com os resultados. A Skazi, por exemplo, marca de moda feminina, decidiu investir na criação de camisetas comemorativas em uma escala pequena de produção. “É uma ideia de tentar uniformizar de uma maneira mais elegante as mulheres para os jogos. São cinco camisetas para ilustrar a copa, com produção de peças para cada modelo. Não é algo literal, mas as camisetas estão no tema Brasil e Copa do Mundo. É um produto que pode ou não dar certo, dependendo do desempenho do Brasil nos jogos”, explica o diretor criativo da marca, Eduardo Amarante.

A aposentada Beth Damião, que passou a produzir artesanato em tricô, crochê e tecido há cerca de dois anos, conta que suas bonequinhas russas com as cores do Brasil têm uma boa saída em uma loja de artesanato de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Na verdade, a dona da loja me demanda algumas peças para a decoração do lugar, e eu produzo assim, sob encomenda. Mas parece que o pessoal está gostando das bonequinhas russo-brasileiras por causa da Copa”, comenta.

(Fonte: Diário do Comércio)

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