Brasil perde R$ 5,7 bi com resíduo plástico
08/06/2018 às 10:59

O Brasil produz mais de 78,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, dos quais 13,5% – o equivalente a 10,5 milhões de toneladas – são de plástico. Se o total desse montante de plástico fosse reciclado, seria possível retornar cerca de R$ 5,7 bilhões para a economia, segundo levantamento do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb).


“O Brasil ainda destina inadequadamente cerca de 40% de todo o resíduo gerado no País. São bilhões de reais que poderiam ser revertidos para a construção ou modernização de aterros sanitários, ampliação dos serviços de coleta e outras atividades relacionadas à limpeza urbana. O gerenciamento de resíduos envolve uma rede complexa de atividades e a reciclagem é um pilar que precisa começar a ser desenvolvido como oportunidade de negócio. Do contrário, não terá resultado concreto”, explica Marcio Matheus, presidente do Selurb.

A entidade avalia que os números refletem uma realidade mundial e que o aumento do poder de compra da população e os altos investimentos em novas fábricas e tecnologias serão responsáveis por um crescimento de cerca de 30% na produção de plástico em menos de 10 anos.

Uma das alternativas em relação à gestão de resíduos sólidos apontadas pela entidade seria a erradicação dos quase 3 mil lixões existentes no País e a implantação de uma rede regionalizada de aterros sanitários, para tratar adequadamente os resíduos.

“Se ilude quem acha que é possível fazer reciclagem em um país continental sem buscar soluções de escala. A reciclagem só será possível quando houver viabilidade econômica, o que inclui incentivos governamentais, com isenções fiscais, e estrutura logística para tal. A primeira medida é desenvolver soluções logísticas que concentrem esses materiais, como ecoparques – que apresentam, também, a estrutura dos aterros legalizados. A partir disso, será possível diluir os altos custos logísticos e trazer viabilidade econômica para que os materiais recicláveis cheguem à indústria a um preço atrativo, como aconteceu nos EUA”, aponta o engenheiro especialista em sustentabilidade, Carlos Rossin.

Exemplo

 O debate sobre a proibição de produtos plásticos descartáveis, que vem ganhando força na União Europeia, serve de exemplo para o Brasil. A avaliação é da representante no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente), Denise Hamú.

“Não é só para alarmar a todos, mas pra mostrar e conscientizar que uma ação simples, de usar um material por três segundos, vai impactar na natureza ou no oceano por 200 anos”, diz ela.

Denise explica que, no Brasil, o desafio atual é conscientizar os municípios. Em sua avaliação, a questão territorial dificulta a implementação de políticas de abrangência nacional envolvendo os produtos plásticos. Entretanto, ela alerta se tratar de uma questão urgente para um país que possui mais de 9 mil quilômetros de litoral. “Se não fizermos nada agora, daqui a 50 anos teremos mais plástico no mar do que peixes”.

Na semana passada, a Comissão Europeia propôs a proibição da comercialização de produtos de plástico descartáveis que são usados apenas uma vez e que possuem alternativas com materiais ambientalmente mais sustentáveis ou biodegradáveis. Entre eles, estão cotonetes, canudos, garrafas, mexedores de café e talheres.

A proposta foi motivada pela preocupação com o acúmulo de lixo nos oceanos, que coloca em risco a vida marinha. Também foi sugerida uma meta segundo a qual os países do bloco ficariam comprometidos com iniciativas que os tornem capazes de coletar e reciclar 90% das garrafas plásticas até 2025.

(Fonte: Diário do Comércio)

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