O Grupo Pão de Açúcar (GPA) vai transformar parte da área de seus hipermercados Extra em minicentros de distribuição. A partir dali, mercadorias serão entregues a supermercados de vizinhança e a clientes do comércio eletrônico. É a primeira varejista alimentar no país que testará esse projeto.
A primeira loja nesse formato começa a ser testada em julho, e provavelmente será o Extra Morumbi, em São Paulo.
Essa iniciativa já havia sido anunciada, no início do ano, para a Via Varejo, empresa controlada pelo GPA que reúne as redes Casas Bahia e Ponto Frio, mas não envolvia o braço alimentar – considerado uma operação logística mais complexa e com margens menores que a de produtos eletrônicos.
A medida reflete, em parte, a pressão sobre o varejo para a montagem de modelos mais rápidos de entrega – especialmente no comércio eletrônico.
A informação consta em relatório de Guilherme Assis, da equipe de análise da corretora Brasil Plural, que esteve com Peter Estermann, CEO do GPA, na semana passada. “Até agora, a empresa identificou 30 lojas [são 113 hipermercados] localizadas em regiões estratégicas e com espaço disponível para abastecer outros supermercados e lojas de bairro, além de servir como centros para a entrega de produtos vendidos no on-line”, escreveu.
“A ideia é que o caminhão deixe o centro de distribuição 100% ocupado com produtos para atender a região do hipermercado e também das lojas de vizinhança em seu entorno. Isso leva a empresa a usar melhor a sua estrutura e reduzir o custo logístico”, disse ao Valor Marcelo Arantes, diretor de logística do GPA.
Segundo ele, com a entrega de alimentos em até quatro horas para compras pelo site e a expansão rápida dos minimercados, a companhia precisou buscar um modelo de abastecimento mais ágil.
Arantes não confirma o número de lojas que participará do projeto. Mas um Extra poderá atender de três a sete lojas de proximidade em seu entorno. Questionado sobre o uso, como área de estoque, de um metro quadrado considerado caro (as lojas são alugadas), Arantes diz que o espaço terá produtos com alto giro e a economia deve vir do uso mais racional do transporte.
O relatório da Brasil Plural menciona também o efeito da greve dos caminhoneiros, especialmente na região Nordeste. O impacto em São Paulo foi mais limitado e concentrado nas lojas Extra Hiper e Assaí. “Após a greve, a empresa concentrou-se em ações promocionais para capitalizar o efeito da Copa do Mundo e os resultados iniciais do primeiro jogo do Brasil foram promissores”, escreveu Assis.
“Ainda esperamos que o GPA relate um crescimento positivo, com expansão das vendas ‘mesmas lojas’ [em operação há mais de um ano] do Multivarejo atingindo a faixa de baixo a médio dígito [de abril a junho]”, escreveu o analista.
Peter Estermann deixou o comando da Via Varejo há cerca de dois meses, mas continua atuante na companhia. O executivo disse que gasta cerca de um dia e meio de seu tempo na semana para a operação da Via Varejo, segundo relatório da corretora.
“O plano é limitar os esforços [do CEO do GPA] ao comitê executivo e ao conselho de administração dentro de três meses”. Segundo uma fonte, Estermann está num processo gradual de afastamento da operação por decisão dele. O atual presidente da Via Varejo é Flavio Dias, que já estava na empresa, mas passou a ocupar o posto após a saída de Estermann.
O CEO do GPA disse ainda que há empresas interessadas na compra da Via Varejo, sem mencionar nomes. O Valor apurou que há sondagens preliminares, mas não uma proposta encaminhada. A varejista de eletroeletrônicos está à venda há cerca de um ano e meio.
Estermann mencionou ao analista que a Via Varejo sofreu mais que o GPA com a greve dos caminhoneiros, o que deve levar a vendas mais fracas no segundo trimestre, concluiu Assis. Segundo o executivo, a Via Varejo tinha pouco estoque nas lojas, levando a rupturas durante a paralisação, uma vez que não podia transferir produtos de seus centros de distribuição para reabastecer os pontos de venda.
Como antecipado pelo Valor no dia 14, o comando do grupo informou à Brasil Plural que está testando novos formatos de suas lojas no país. Os formatos são o “Mercado Extra” e um modelo mais premium do Pão de Açúcar.
(Fonte: Valor Econômico)
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