Vinícius Aroeira *
A NRF 2022: Retail's Big Show 2022, maior evento do setor varejista que ocorreu em Nova Iorque (EUA), foi uma real comprovação de que a velocidade das mudanças no varejo realmente será acelerada. Não faz muito tempo, falávamos em “ser omnichannel" como um diferencial competitivo. O conteúdo explorado na maior feira de varejo do mundo deixa claro que não se trata mais de uma estratégia omnicanal, mas sim, de estar presente em todos os momentos que o cliente quiser comprar: Live, WhatsApp, telefone, redes sociais, sinal de fumaça, loja física, web, metaverso, etc. Ou seja, canais alternativos não vão parar de surgir para atender as diferentes ocasiões de compras das pessoas.
Pego um exemplo real do Grupo Supernosso. Quando, há pouco mais de um ano, fizemos a aquisição da startup “Be Honest”, de lojas autônomas em condomínios, passávamos a proporcionar um valor único com os clientes, podendo adquirir seus produtos dentro do conforto e segurança de seus prédios, em menos de 10 minutos. Hoje, as entregas turbo surgiram, gerando grande conveniência e deixando nosso oceano das “lojas honestas”, não tão azul. Resultado: uma empresa tão jovem como a Supernosso Be Honest já teve que passar por vários ciclos de adaptação e segue se reinventando “muito bem, obrigado”.
"O resultado deve ser olhado por cliente, ou por cluster de cliente"
Com essa pluralidade cada vez maior de canais, os alternative commerces, muda-se também a forma pela qual os resultados do negócio devem ser analisados. A lucratividade não pode mais ser visualizada somente por canal: lucro da loja física, lucro do e-commerce etc. O resultado deve ser olhado por cliente, ou por cluster de cliente. Exemplo: resultado considerando todas as receitas e gastos para vender aos clientes da região X. Algum canal pode não ser tão lucrativo, mas pode ser essencial na composição do atendimento àqueles clientes.
Por falar em novos canais, foi possível constatar na NRF que o Metaverso está muito mais próximo do que imaginamos. Esse já era um tema que eu vinha “tateando” e estudando. Porém, acreditava que ele ainda demoraria a ter grande escala em comercialização efetiva (com exceção dos games, que já estão nesse ambiente há mais tempo). Ledo engano. A curva de evolução das transações no Metaverso está crescendo exponencialmente e as projeções são exorbitantes. Praticamente todas as grandes marcas já estão considerando o tema em suas estratégias e com algumas iniciativas em curso. Projeção de tamanho desse mercado em 2024: US$ 800 bilhões. (fonte: Bloomberg)
"A ordem do momento é: tenha esses aspectos entranhados de forma natural em sua organização ou ninguém mais vai querer saber de você. Uma empresa sem propósito já é vista como uma empresa sem alma perante todos que, potencialmente, se relacionariam com ela"
Por outro lado, alguns pontos que até então pareciam estar em crescente tendência, saíram desse status para pontos obrigatórios e garantia de longevidade. Questões como Propósito, Cultura e ESG (Environmental, social and corporate governance) já não foram tratadas mais como algo a ser buscado para evoluir, se diferenciar etc. A ordem do momento é: tenha esses aspectos entranhados de forma natural em sua organização ou ninguém mais vai querer saber de você. Uma empresa sem propósito já é vista como uma empresa sem alma perante todos que, potencialmente, se relacionariam com ela. Um simples produto ou serviço, sem motivação aspiracional para atrair as pessoas. Sem cultura forte nenhuma empresa terá unidade em sua proposta de valor. Sem ESG, sem caráter organizacional.
A conclusão é: por mais contraditório que pareça, cada vez mais teremos que MUDAR para MANTER. Isso mesmo! Teremos que aumentar nossa velocidade de transformação dos meios pelos quais geramos valor aos nossos clientes, se quisermos permanecer com o mesmo propósito sendo cumprido e a mesma marca fortalecida.
*Vinícius Aroeira é Diretor de Finanças, Processos e Tecnologia do Grupo Supernosso
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