Depois de vender controle no Brasil Walmart pensa em sair do Japão
13/07/2018 às 10:27

Walmart tem consultado bancos sobre uma possível venda de sua operação no Japão, depois de tumultuados 16 anos em um mercado reconhecidamente difícil, segundo pessoas a par das conversas.

A varejista americana está explorando a venda de sua rede de supermercados Seiyu. Mas, o processo formal de venda não foi ainda lançado e a expectativa é que progrida lentamente, disse uma das fontes nesta quinta-feira (12).

A venda potencial no Japão faz parte de uma mudança de estratégia do Walmart. A varejista vendeu o controle da operação no Brasil em junho, e fundiu a Asda, seu negócio no Reino Unido, com a J. Sainsbury, sua maior rival em abril. Na Ásia, Walmart recentemente divulgou planos de comprar uma fatia de US$ 16 bilhões na Flipkart, da Índia — um campo de batalha fundamental contra a Amazon no comércio eletrônico.

Embora o Walmart ainda precise indicar quais bancos vão administrar a operação, a possibilidade de venda do Seiyu foi amplamente discutida entre executivos de bancos e possíveis compradores. A relativa falta de ativos desse tamanho à venda no país alimentou expectativas de que o mais provável comprador seria alguma das cada vez mais numerosas firmas de private equity, internacionais e domésticas, atentas ao Japão como alvo para aquisições.

Fontes próximas a uma das maiores firmas especializadas em aquisições do mundo disseram que é “inevitável” que os grupos de private equity estejam interessados no Seiyu, mas que os obstáculos para realmente comprar a rede poderiam se mostrar grandes demais.

“Quando você olha para a lista de fracassos de varejistas estrangeiros no Japão, é bastante difícil imaginar trazer alguém que consiga administrar um grande caso de recuperação das finanças do Seiyu. Se o Walmart não conseguiu, você já sabe que é difícil”, disse uma das fontes, que trabalhou em várias compras de empresas por firmas de private equity no Japão.

Caso o Walmart realmente saia do Japão, a maior varejista de lojas físicas do mundo vai estar seguindo os passos de outras redes estrangeiras, como Tesco e Carrefour, que deixaram o país depois de não conseguir encontrar a estratégia certa para atrair os consumidores japoneses

O mercado japonês tem uma concorrência feroz. É altamente fragmentado e pouco lucrativo. Segundo a empresa de análises de mercado Euromonitor, o valor de varejo do mercado de japonês dos grandes supermercados encolheu 6% entre 2013 e 2017, quando o movimento foi de 6,7 trilhões de ienes (US$ 59 bilhões).

Não havia representantes do Walmart para comentar de imediato as informações e um porta-voz do Seiyu em Tóquio não quis falar a respeito.

As notícias sobre a saída da rede americana, noticiadas primeiramente pelo jornal “Nikkei”, chegam menos de seis meses depois de o executivo-chefe do Walmart, Doug McMillon, ter visitado Tóquio para apregoar os benefícios de uma nova aliança com a japonesa Rakuten na venda de alimentos pela internet.

O Walmart tem vivido uma história da altos e baixos no Japão desde 2002, quando comprou sua primeira participação no Seiyu. A empresa americana encontrou problemas para aumentar a margem de lucro da rede japonesa, que apresentou prejuízos por sete anos seguidos até se tornar uma subsidiária integralmente pertencente ao Walmart, em 2008.

A empresa americana obtém cerca de 25% de suas vendas anuais, de quase US$ 500 bilhões, fora dos EUA.

A rede francesa de supermercados Carrefour saiu do Japão em 2005, depois de apenas cinco anos. Tentou, sem sucesso, oferecer uma experiência como as das compras francesas de padrão mais elevado, que não se alinhou bem com as necessidades diárias dos consumidores japoneses.

Em 2011, a varejista britânica Tesco também colocou à venda sua unidade no Japão, que vinha tendo fraco desempenho, depois de não conseguir ganhar escala suficiente. A empresa havia entrado no país em 2003, com a aquisição de uma rede local de supermercados de baixos preços.

(Fonte: Valor Econômico)

 

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