A Gestão do Conhecimento (GC) surgiu como tendência no início dos anos 2000, e agora vem sendo crescentemente adotada como uma forma de fazer o conhecimento fluir mais intensamente entre as pessoas e a organização – e ser mais bem aproveitado para a geração de resultados.
Na BRF, a diretoria de P&D é intensiva na criação de novos conhecimentos e, por isso, investiu na GC desde 2019 com apoio direto da liderança da vice-presidência de Inovação e Novos Negócios. “O conhecimento é um ingrediente essencial para a inovação e o desenvolvimento de produtos, por isso a gestão do conhecimento deve estar em primeiro plano em nossas atividades”, afirma Fernando Prado, gerente executivo de Inovação, Tecnologia e Gestão de Conhecimentos, da diretoria de P&D, da BRF.
A equipe de P&D atua com conhecimentos altamente relevantes e a gestão desse ativo tão valioso é fundamental. Com mais de 100 colaboradores, divididos em cinco gerências: Tecnologia, Inovação & Gestão do Conhecimento; Artes Gráficas, Processos & Planta Piloto; Contas Globais & Food Service; Frozen, Spreads, In Natura & Internacional; e Frios, Embutidos & Curados. Atualmente, esse ativo se traduz nos 2.800 SKUs, 17 mil especificações, 15 mil listas técnicas, 18 mil artes gráficas e mais de 1.200 projetos em andamento.
“A diretoria de P&D está fortemente ligada à inovação, que é um dos pilares estratégicos em todas as etapas da cadeia produtiva da BRF: na fabricação de rações, criação de animais, produção de alimentos, formulação de revisões e inovações de nosso portfólio de marcas, busca por novas tecnologias e nos milhares de produtos que chegam até a mesa do consumidor”, ressalta FabioBagnara, diretor da área de P&D da BRF.
Este pilar foi um dos grandes diferenciais para o sucesso da implementação da gestão do conhecimento na diretoria de P&D, somado ao fato da iniciativa ter surgido, sido apoiada e valorizada pela alta liderança. Desse modo, a GC passou a fazer parte da rotina das equipes, das suas metas e do plano de desenvolvimento individual dos colaboradores da P&D.
De projeto a processo
A gestão de conhecimento na diretoria de P&D da BRF teve status de projeto no período de agosto de 2019 a dezembro de 2021, e se consolidou como processo a partir de 2022. “Dentre nossos principais desafios estavam em gerenciar os conhecimentos relevantes pouco estruturados ou concentrados em poucas pessoas, o baixo aproveitamento de conhecimentos entre projetos e perda de conhecimentos altamente valiosos com a movimentação de colaboradores”, relata Prado.
Assim, para tais desafios, a equipe de P&D desenvolveu um modelo de gestão condizente com a realidade e as necessidades da área; passou a sistematizar fluxos de conhecimento, mitigando perdas de conhecimentos imediatas e futuras; a ter melhor aproveitamento dos conhecimentos entre projetos e demais iniciativas; e criou aprendizagens rápidas e condições para consolidação de GC na área.
A partir disso, o planejamento contemplou uma metodologia de gestão adaptada à realidade de negócio e voltada às metas e estratégias da companhia. A área de P&D contou com a orientação da Impakt Consultoria durante o período em que a GC era um projeto. “Mapeamos com nossos gestores e consultores técnicos todos os conhecimentos críticos da nossa área. Determinamos como critérios dessa análise a relevância do conhecimento para o futuro, para o negócio, a criticidade de aquisição desse conhecimento no mercado e o risco de perda desse conhecimento”, explica Prado.
A primeira frente que a área dedicou em GC foi denominada como “Transferência Acelerada”, mobilizando dezenas de pessoas entre janeiro de 2021 até dezembro de 2022. Foram criadas forças-tarefas, com papéis claros e bem definidos, que se reuniram e registraram dezenas de materiais e participaram de inúmeros eventos de disseminação de conhecimento.
As práticas de GC foram realizadas conforme a necessidade do conhecimento a ser compartilhado e, por isso, as equipes elaboraram capacitações, manuais, storytelling em vídeo, workshops, oficinas, estudos de caso e estudos técnicos. Isto tudo gerou um mapa de conhecimentos críticos, em que 86% dos conhecimentos mapeados já atingiram mais de 80% de grau de disseminação e descentralização, e 14% estão em andamento em 2023. Somente em 2022, P&D contou com 11 grupos de conhecimentos críticos trabalhados, com 56 temas envolvidos, 62 materiais elaborados e mais de 1.000 participações em 28 eventos de disseminação de conhecimento na BRF.
Uma segunda frente, a qual está ganhando maior força em 2023, é a de conhecimentos atuais e em desenvolvimento. O conhecimento que surge a partir de agora tem a garantia de registro e compartilhamento por meio da implementação de um Relatório Técnico, que compila em documento único o conhecimento tácito gerado em todo o desenvolvimento do produto, e que também é compartilhado em eventos específicos com foco em novas tecnologias e inovações.
Algumas ferramentas foram adaptadas na área de P&D, a fim de garantir a disponibilidade das informações com confidencialidade adequada, como a criação do portal de GC e da Biblioteca Técnica.
Isso quer dizer que antes, sem GC, não se registrava nada? Não! A área de P&D da BRF tinha sua própria maneira de registrar o conhecimento e suas práticas adotadas para compartilhamento, porém com um cenário mais fragmentado e por vezes indisponível, concentrado, gerando retrabalho, sem metodologia efetiva e baixo aproveitamento do conhecimento.
“As pessoas entendem a importância do conhecimento, mas, diante da rotina e de tantas prioridades, projetos e correria do trabalho, o olhar de profissionais específicos para GC é fundamental. Com colaboradores dedicados a GC, indicadores claros, papéis e governança bem definidos e com uma metodologia adequada, o cenário se organiza, e todo o tempo investido é válido diante dos benefícios obtidos”, explica Prado.
Tais benefícios alcançados em GC vão além daqueles obtidos em P&D. “Isso se refletiu em uma maior agilidade na tomada de decisões, passando por maior assertividade na execução de tarefas, maior qualidade no resultado do trabalho, aceleração da curva de aprendizado, melhor comunicação, maior conhecimento do processo produtivo, maior interação e colaboração entre equipes e áreas interdependentes, bem como em maior agilidade na solução de problemas e aumento da capacidade de inovação”, afirma Prado.
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