Pelo sexto mês consecutivo, os preços do leite, em Minas Gerais, apresentaram alta em julho, referente à produção entregue em junho. De acordo com o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no Estado a alta chegou a 15,15% na média líquida, com o litro de leite negociado a R$ 1,53. No acumulado de janeiro a julho, o preço do leite já aumentou 53%.
De acordo com o zootecnista e analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallisson Lara Fonseca, o aumento expressivo registrado no último mês tem como uma das causas a greve dos caminhoneiros ocorrida no final de maio, que agravou o cenário de entressafra do leite. No período, os produtores, por falta de transporte, tiveram que descartar a produção. A estimativa é de que no Estado tenham sido descartados cerca de 110 milhões a 120 milhões de litros de leite nos 11 dias de greve. A falta de transporte também comprometeu a alimentação do rebanho, que foi reduzida e interferiu de forma negativa na produtividade dos animais.
A greve dos caminhoneiros agravou o período de entressafra do leite, e com a redução brusca da oferta no campo, a disputa pela matéria-prima, por parte das indústrias, se intensificou, elevando os preços pagos aos produtores.
“A greve antecipou a entressafra do leite e, além disso, qualquer alteração na rotina do rebanho, como a redução da alimentação oferecida, por exemplo, impacta de forma negativa na produtividade, que foi ainda mais reduzida no período. Vale lembrar que o pecuarista está trabalhando com os custos cerca de 10% maiores que os do ano passado, o que desestimula a atividade. Somente no primeiro semestre, a captação de leite caiu cerca de 20% em Minas. Por isso, no curto prazo, a tendência é de oferta restrita e preços ainda elevados”, explicou Fonseca.
O aumento dos preços pagos pelo leite ao pecuarista é visto como fundamental, já que o setor vinha acumulando perdas desde 2017. Em julho, o pecuarista recebeu, na média líquida, R$ 1,53 por litro de leite, aumento de 15,15% frente a junho. O valor bruto recebido na média estadual foi de R$ 1,64, elevação de 14,07%.
Para se ter uma ideia da valorização acumulada no Estado, em janeiro de 2018, referente à captação de dezembro, o pecuarista recebeu, na média líquida, R$1,00 pelo litro de leite, valor que em julho chegou a R$ 1,53. Do início do ano até o fechamento de julho, a alta registrada nos preços do leite foi de 53%. Em relação a julho de 2017, a alta é de 23,38%.
“Depois de um longo período, o produtor está conseguindo garantir uma renumeração com a atividade”, disse Fonseca.
Na média Brasil, também foi verificada valorização nos preços. O valor líquido recebido em julho, referente à captação de junho, fechou a R$ 1,47 por litro, o que inclui os valores praticados na Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O aumento foi de 14% em relação ao mês anterior. Desde o início do ano, a alta acumulada é de expressivos 44%. Na comparação com julho do ano passado, houve elevação de 15%.
Ainda segundo o representante da Faemg, após a greve dos caminhoneiros, a indústria de lácteos mineira precisou retomar a produção e recompor os estoques. Com isso, a competição pelo leite ficou acirrada. A demanda alta, o comprometimento da produtividade do rebanho em função da redução da alimentação e o avanço da entressafra no Estado, fizeram com que os preços subissem no campo.
Consumo
Os pesquisadores do Cepea destacam que, neste momento, é importante ficar atento aos preços do leite no mercado spot (à vista). Durante a primeira quinzena de julho, os valores pagos pelo leite em Minas Gerais subiram 28,1% em relação ao mês anterior, mas, na segunda metade do mês, houve queda de 6,6%, o que mostra que empresas têm tido dificuldades em manter o ritmo de valorização do leite no campo.
“No curto e médio prazos, as indústrias vão continuar com a demanda elevada pelo leite, o que favorece a sustentação dos preços no campo. Porém, é importante ressaltar que os preços são definidos pelo mercado e o consumo está patinando, em função da menor renda da população e o encarecimento dos produtos”, explicou Fonseca.
Tendência
Os pesquisadores do Cepea também acreditam que a oferta de leite deve seguir limitada, fundamentados no clima adverso e no encarecimento dos grãos, o que deve impedir a mudança de tendência no mercado. Assim, a maioria dos laticínios entrevistados pelo Cepea acredita em uma nova alta para o próximo mês.
(Fonte: Diário do Comércio)
Mais Lidas
-
04/06/2020 às 19:42
-
19/03/2019 às 11:03
-
24/05/2022 às 12:40
-
27/02/2019 às 11:35
-
18/11/2020 às 10:05