Após investir R$ 140 milhões nos últimos cinco anos num conjunto de iniciativas para melhorar a qualidade do leite produzido por seus fornecedores no Brasil, a suíça Nestlé deu outro passo em sua estratégia recente de buscar oferecer produtos com menos aditivos ao consumidor. A empresa informou que não vai mais utilizar estabilizantes na produção de suas linhas de leite UHT (longa vida), com as marcas Ninho e Molico, comercializadas no país.
Em 2017, a Nestlé já havia anunciado o fomento à produção de leite orgânico no país e em fevereiro deste ano passou a pagar bônus a pecuaristas que fornecerem leite produzido por vacas sem tratamento com hormônios para induzir a lactação.
Os estabilizantes são compostos químicos, tais como o citrato de sódio e o monofasfato de sódio, usados antes da ultrapasteurização do leite, para que as características originais do produto sejam mantidas.
Segundo a agrônoma Taissara Martins, gerente de qualidade e desenvolvimento de fornecedores de leite da Nestlé Brasil, a retirada do ingrediente dos leites longa vida foi possível devido à qualidade superior da matéria-prima coletada pela companhia, resultado de medidas tomadas a partir do ano 2000 junto aos produtores.
Entre essas medidas estão a coleta diária de leite em caminhões refrigerados, o pagamento pela qualidade do leite (a partir da contagem de bactérias e de células somáticas da matéria-prima), por volume e distância, por percentual de proteína e de gordura; os programas de incentivos a boas práticas na fazenda (BPF) e a assistência técnica aos produtores.
Segundo Taissara, em 2017 todos os 3,5 mil fornecedores diretos de leite da Nestlé no país tinham a certificação de Boas Práticas na Fazenda, o que também garante bonificação. Os testes para a retirada dos estabilizantes do leite UHT pela empresa começaram a ser feitos nos últimos anos com a melhoria da qualidade do leite coletado.
A agrônoma explica que no caso de leites com menor qualidade, o estabilizante é necessário para evitar a perda de proteína e a aparência de coalhado. "O leite de menor qualidade tem mais bactérias, mais células somáticas. Isso o torna mais propício à deterioração, por isso precisa de estabilizante".
O objetivo da Nestlé ao retirar os estabilizantes do leite é oferecer um produto mais natural e livre de aditivos ao consumidor. "Os estabilizantes não representam nenhum mal, mas todo mundo prefere consumir algo que não precisa dele", observa ela.
A partir de outubro todos os leites longa vida da Nestlé à venda no mercado serão sem estabilizantes. De acordo com a gerente de qualidade, as linhas de produção das três unidades de leite longa vida da empresa em Araraquara (SP), Três Rios (RJ) e Carazinho (RS) já foram convertidas.
A empresa coleta 1,7 bilhão de litros de leite cru ao ano no país e destina 10% desse volume à produção de leite longa vida.
A mineira Itambé Alimentos já tem uma marca de leite longa vida sem estabilizantes, o Natural Milk, mas apenas a Nestlé tem toda a linha de leites sem o ingrediente.
De acordo com Taissara Martins, os R$ 140 milhões investidos pela companhia suíça nos últimos cinco anos com o objetivo de melhorar a qualidade do leite foram destinados a projetos de assistência técnica aos produtores, treinamentos, dias de campo e a programas de bonificação de produtores. (Fonte: Valor Econômico)
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