Investimentos do GPA no País devem ser de R$ 1,8 bilhão em 2019
06/12/2018 às 09:45

Após quase uma década com investimentos anuais de R$ 1,3 bilhão, em média, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) vai elevar os desembolsos ao maior patamar de sua história - o teto projetado ficará entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,8 bilhão. O montante considera apenas o braço alimentar, portanto não inclui a Via Varejo, negócio cujo o GPA é sócio. "Prevemos um ano bem mais forte, melhor que 2018 [...]. Será um ano de retomada, com melhoria contínua para darmos um salto em 2020", disse Peter Estermann, presidente do GPA, que ontem participou de encontro com analistas e investidores.

Para a Via Varejo (dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio), a previsão é manter investimentos em 2019 no mesmo patamar deste ano, em torno de R$ 600 milhões. Se efetivamente esse montante se repetir em 2019, serão até R$ 2,4 bilhões em investimentos no GPA e na Via Varejo, somados. É preciso considerar que, apesar dessas previsões, a participação do GPA na Via Varejo está à venda desde 2016, e está mantido o projeto de se desfazer desta fatia. Para efeito de comparação, nesta semana, o concorrente Carrefour anunciou investimentos de até R$ 2 bilhões no país em 2019 - neste ano, até setembro, a soma atingiu R$ 1,1 bilhão.

No GPA, a divisão dos investimentos em 2019 deve repetir o verificado em 2018 - até setembro, 60% dos recursos foram aplicados em novas lojas, aquisição de terrenos, conversões e reformas, e 40% em infraestrutura e outros itens.

Para 2018, o GPA estima um valor desembolsado de até R$ 1,6 bilhão - até setembro, alcançou R$ 1,1 bilhão.

A empresa diz ter caixa para sustentar os projetos previstos para 2019 - em setembro, eram R$ 2,6 bilhões em caixa e aplicações financeiras, pouco mais do que o dobro do verificado um ano antes. Em dívida bruta, eram R$ 6,6 bilhões, com o indicador dívida líquida em relação ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 1,4 vez. Um ano antes, era 1,7 vez.

 Mesmo nesse ambiente mais positivo, a empresa informou, em material publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ontem, que mantém o foco no controle de despesas e sobre capital de giro no curto prazo. A linha "outras despesas" no balanço deve ficar em R$ 200 milhões "nos próximos anos", informa.

Segundo a empresa, deve ser retomado um plano de expansão mais forte das marcas "premium" do GPA, com destaque para a bandeira Pão de Açúcar - as redes "premium" receberam, neste ano, 15% dos investimentos enquanto o Assaí, de atacarejo, recebeu 65%. "O grande crescimento dos próximos três anos será com o 'premium'", disse Estermann. O modelo do Pão de Açúcar chegou a registrar desaceleração nas vendas na época da crise no varejo, e uma reformulação foi iniciada há pouco mais de um ano.

Para 2019, o plano é acelerar mais rapidamente as inaugurações - serão 5 a 10 pontos novos do Pão de Açúcar no ano que vem. Neste ano, 20 lojas do Pão de Açúcar, que representam 16% das vendas, foram reformadas para o modelo mais avançado, a "sétima geração" de loja. A ideia é converter mais 20 a 30 pontos para esse formato em 2019.

Segundo material publicado pelo GPA ontem, a empresa quer abrir 100 unidades do Pão de Açúcar no país em seis anos.

Apesar do foco maior no Pão de Açúcar, a rede Assaí continuará a ser a cadeia a receber os maiores investimentos. No Assaí, serão de 15 a 20 aberturas ao ano, de 2019 a 2021. Como cada loja requer de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões, o montante aplicado em 2019 pode superar a metade do investimento total previsto no ano.

Segundo o executivo, todos os negócios do grupo crescerão em 2018, inclusive a marca Extra, de supermercados e hipermercados, que acumulava queda de 3,3% nas vendas líquidas até setembro. "Eles [braços de negócios] já estão todos positivos", disse Estermann. Segundo Ronaldo Iabrudi, co-vice-presidente do conselho de administração do GPA, a empresa vive uma fase de "alinhamento dos astros", com todos os negócios em expansão. Em trimestres passados, durante crise, a empresa chegou a ter queda em vendas em alguns formatos de supermercados e nos hipermercados por certo período.

Ainda está prevista uma conversão mais acelerada de pontos do Extra Supermercados em lojas de outras cadeias do grupo. Em 2019, entre 30 a 35 pontos devem virar Compre Bem - foram 13 em 2018 - e de 40 a 50 se transformarão em Mercado Extra (foram 23 neste ano).

 A empresa afirma que não haverá abertura de hipermercados Extra em 2019 - modelo com dificuldades de crescimento no varejo mundial. Fonte: Jornal Valor Econômico

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