A indústria brasileira de papéis para embalagens e de papelão ondulado experimenta novo ciclo de crescimento e, possivelmente, de consolidação. Há investidores interessados em aportar recursos no setor, há ativos à venda e há investimentos em curso e estudos para ampliação da capacidade instalada. No conjunto, esses eventos têm potencial de reorganizar o setor e revelam o grau de confiança na evolução do mercado de embalagens no país e no mundo.
As duas fabricantes que estão no topo do ranking brasileiro, Klabin e WestRock, já se movimentam para ampliar produção, em projetos que somam quase R$ 10 bilhões - US$ 470 milhões da WestRock e cerca de US$ 2 bilhões da Klabin, que ainda dependem de aval do conselho de administração.
International Paper e Celulose Irani, que vêm na sequência, buscam alternativas estratégicas, que podem envolver a venda dos ativos no país, a chegada de novos investidores ou a combinação com outra empresa. Já a irlandesa Smurfit Kappa, que chegou ao Brasil por meio de uma aquisição dupla, planeja crescer no mercado local e aquisições não estão descartadas.
Além dos irlandeses, investidores chineses estiveram olhando ativos no país e a chilena CMPC declarou recentemente que poderia avaliar oportunidades em embalagens fora de sua sede. A CMPC tem operações de celulose e papéis para fins sanitários (tissue) no Brasil e seria natural que olhasse as possibilidades no setor de embalagens.
Líder no fragmentado mercado local com uma fatia de 18%, a Klabin deve anunciar em breve novo ciclo de expansão, que começará com uma nova linha de produção de celulose marrom associada a uma máquina de ktraftliner. O papel é usado também na confecção do papelão ondulado e alcançou preços históricos em 2018 diante da combinação de demanda aquecida e restrições de uso de aparas importadas na China.
A americana WestRock já anunciou planos e também vai construir no país nova linha de celulose associada ao desgargalamento das duas máquinas de papel kraft que opera em Três Barras (SC), com expansão da capacidade. A companhia já havia anunciado a construção de uma fábrica de caixas de papelão ondulado em Porto Feliz (SP), com desativação da unidade de Valinhos (SP). A nova será a sua maior no mundo para o produto.
Na ponta oposta, a International Paper fez baixa contábil de US$ 122 milhões (cerca de R$ 450 milhões) referente à reavaliação da operação de embalagens de papelão ondulado no país e confirmou que avalia sua venda. O ativo foi comprado em duas etapas, entre 2012 e 2014, por R$ 1,27 bilhão, da Jari Celulose Papel e Embalagens, do grupo Orsa.
A Celulose Irani contratou o BTG Pactual para prospectar potenciais investidores ou compradores do negócio. Segundo fontes da indústria, os ativos despertaram interesse em diferentes países e a Smurfit Kappa estaria nesse grupo.
Ao mesmo tempo, o mercado doméstico de papelão segue dando sinais de recuperação. Em novembro, as expedições de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado, importante termômetro do nível de atividade no país, mantiveram-se em trajetória de crescimento, conforme dados preliminares da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO).
No mês passado, o volume expedido totalizou 310,941 mil toneladas, alta de 0,81% na comparação com novembro de 2017, mas 4,91% abaixo do verificado em outubro. Essa é a maior expedição para o mês desde o início da série histórica, em 2005. Com o mesmo número de dias úteis que novembro do ano passado, as expedições por dia útil também cresceram 0,8% nessa base de comparação.
Conforme a ABPO, considerando o ajuste sazonal, as vendas recuaram 1,3% entre outubro e novembro, para 302,3 mil toneladas, o menor desde maio, quando as expedições foram fortemente afetadas pela greve dos caminhoneiros. No acumulado até novembro, as expedições têm alta de 2,03%, para 3,29 milhões de toneladas.
(Fonte: Valor Econômico)
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