A BRF assinou, na madrugada desta quinta-feira (07), a venda das operações na Tailândia e Europa para Tyson Foods, por US$ 340 milhões (R$ 1,258 bilhão, considerando o fechamento da moeda americana na quarta, 06). A transação foi anunciada às 5 horas pela Tyson. Na prática, a venda das operações na Europa e Tailândia (quatro fábricas no país asiático, uma na Holanda e uma no Reino Unido) representa um revés para a BRF, que não conseguiu atingir a meta de obter R$ 3 bilhões com a venda de ativos — somando as medidas de capital de giro, o plano de monetização é de R$ 5 bilhões.
Antes de se desafazer dos ativos à Tyson, a companhia já havia obtido pouco mais de R$ 500 milhões com a venda das operações na Argentina e de uma fábrica de hambúrguer no Brasil. Conforme o Valor apurou, um dos pontos que tornou as negociações entre Tyson e BRF mais difíceis foi o impasse em torno da saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
A Tyson barganhou preço devido ao Brexit. Analistas consideram que as empresas de carne de frango do Reino Unido podem ser seriamente afetadas. No caso dos ativos da BRF, o Reino Unido tinha relevância. Além de uma fábrica na região, a operação tailandesa é intrínsicamente vinculada àquele país europeu. O frango cozido produzido pela tailandesa Golden Foods Siam, controlada pela BRF, é quase que totalmente exportado para o território britânico por meio da distribuidora Universal Meats, também controlada pela BRF.
A BRF comprou a Golden Foods e a Universal Meats no início de 2016, pagando US$ 410 milhões — sendo US$ 360 milhões pela tailandesa. Ao vender os ativos à Tyson por apenas US$ 360 milhões, a BRF amargará uma perda contábil (não caixa) de ao menos US$ 70 milhões (cerca de R$ 260 milhões).
Ao receber menos do que esperava na venda das operações na Europa e Tailândia, a BRF terá de estender o prazo para atingir a meta de redução do índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado nos últimos doze meses) em seis meses. Em meados do ano passado, a companhia anunciou a meta de atingir um índice de alavancagem pro forma de 3,35 vezes no balanço de 2018, que será divulgado em 28 de fevereiro.
No entanto, a empresa conseguiu R$ 4,1 bilhões com o plano de venda dos ativos, sendo pouco menos de R$ 2 bilhões com a venda de ativos. Em fato relevante divulgado na manhã desta quinta-feira, a BRF informou que o índice de alavancagem pro forma agora ficará em 5 vezes. Em setembro, esse índice estava em 6,7 vezes.
Para o fim de 2019, a meta da empresa também foi alterada. Se antes do resultado final do programa de venda de ativos a empresa projetava atingir uma alavancagem de 3 vezes em 31 de dezembro deste ano, agora a meta é de 3,65 vezes. No fato relevante, a BRF reiterou “o compromisso com a desalavancagem declinante e com o alongamento do seu endividamento”. Segundo a empresa, o caixa permanece robusto. No fim do ano, estava perto de R$ 7 bilhões, o que dá conforto para a BRF seguir em sua reestruturação. Fonte: Valor Econômico
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