'Vai demorar para o consumo voltar a ser o que era em 2010', prevê especialista
13/02/2019 às 11:05

Há uma demanda reprimida "gigantesca" na população e um otimismo "generalizado" entre os empresários, o que em tese pode levar a um crescimento mais forte da economia brasileira em 2019. Mas, depois de anos de recessão, de retomada frustrante da atividade e um desemprego insistentemente alto, cidadãos e empresas estão cautelosos, à espera de que as expectativas criadas durante a campanha eleitoral que levou Jair Bolsonaro à Presidência da República se tornem realidade.

Esse é o cenário traçado por Renato Meirelles, presidente e sócio do Locomotiva, Pesquisa e Estratégia, instituto que faz diagnósticos e mapeia tendências da sociedade e economia brasileiras. O Locomotiva tem registrado aumento significativo na demanda por informações de empresas que querem abrir fábricas, lançar linhas de produtos, investir em educação.

Num otimismo moderado pelo alto desemprego, a população está menos animada que os empresários, mas ainda assim esperançosa, afirma o publicitário, que em 2012 fez parte da comissão que estudou a "nova classe média", na então Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República.

Especialista em consumo e opinião pública, Meirelles, que no início da década de 2010 fundou os institutos de pesquisa Data Favela e o Data Popular, não prevê um boom de demanda doméstica tão cedo. "O consumo vai aumentar, mas vai demorar para alcançar o patamar de dez anos atrás. Enquanto a renda não voltar a crescer de forma consistente, não vamos restabelecer a sensação de bem-estar. Mais gente empregada e mais gente empreendendo são o que aumentam a sensação de bem-estar da população", afirma.

 No front político, ele vê a sociedade brasileira mais exigente, disposta a fiscalizar o poder público e interessada em influenciar de alguma forma o rumo do país. Neste sentido, as redes sociais devem continuar importantes na mediação com o mundo político. "Isso cria um desafio adicional para os políticos, que é o de se manterem conectados a seus eleitores reais, sem achar que eles são apenas aqueles que os seguem nas redes sociais."

 Meirelles diz que há um risco maior de frustração do eleitor, se o governo idealizado no processo eleitoral não se concretizar. Por outro lado, não concorda que as redes podem tudo. Em sua avaliação, a facada durante a campanha eleitoral fez Bolsonaro ter uma grande exposição nas reportagens de TV e isso contribuiu sua para a eleição, tanto quanto as redes.  Fonte  Valor Econômico

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