Carrefour muda gestão para acelerar operação digital no Brasil
26/03/2019 às 12:06

O Carrefour precisou simplificar o modelo de tomada de decisões no Brasil para tentar reagir mais rapidamente às pressões no varejo digital. Desde janeiro, um grupo de executivos formou um comitê formado por áreas comuns a todo o negócio, e que trocam, periodicamente, informações entre si. Isso é parte da montagem de uma estrutura para acelerar a criação de ações que unam o on-line e lojas físicas.

O ambiente competitivo cresceu no último ano e mesmo as pequenas varejistas de alimentos vem testando iniciativas bem sucedidas na venda online.

Uma dessas ações é a transformação de parte da área de estoque dos hipermercados em local para estocar itens que serão vendidos e entregues pelo site. Serão lojas num formato de “side store”. A primeira começa a operar neste modelo em abril.

O grupo de discussão foi montado com base nas áreas transversais aos negócios, como logística, comercial, serviços financeiros e digital. Não seguiu a atual estrutura do comitê executivo, formado por CEOs que lideram os formatos de lojas do grupo .

“É uma estrutura mais horizontal, montada após janeiro, em paralelo com o Comex [Comitê Executivo], e que surge para encurtar caminhos”, diz Paula Cardoso.

O comitê executivo é ocupado por CEOs do varejo e atacarejo (Atacadão), além de chefes da área financeira, de recursos humanos e do braço imobiliário

Antes do novo cargo, Paula Cardoso já estava na companhia como diretora executiva de transformação digital e CEO do Carrefour Soluções Financeiras. Esta última área, desd fevereiro, passou para Carlos Mauad (ex-Smiles e exCiti), dentro da ideia de focar o trabalho de Paula Cardoso na operação digital.

As ações que o Carrefour vem testando no negócio de alimentos se espalham em quatro áreas, mas duas chamam mais atenção: a etapa final de entrega de produtos comprados no site (a chamada “última milha”) e os modelos de pagamentos de compras on-line.

Essas medidas são cruciais dentro da estratégia global do CEO mundial, Alexandre Bompard, que no começo de 2018 um plano para transformar a empresa francesa numa líder do varejo digital no mundo.

“O Brasil é o celeiro de testes do grupo pela escala que temos aqui. Há outras regiões testando coisas, mas aqui temos uma concentração maior”, diz Paula Cardoso.

No caso dos pagamentos, há dois projetos-pilotos sendo monitorados. Um deles é o Scan&Go, em que se baixa um aplicativo para escanear o código de barras do produto e pagar por cartão de crédito. Antes de sair da loja, tem que apresentar o comprovante de pagamento a um funcionário para levar as mercadorias. O projeto piloto existe há quatro meses. O Scan & Go está em três lojas do Carrefour Express. “Queremos expandi-lo para 50% da rede ‘Express’ ainda em 2019”, diz a executiva.

Outro teste envolve o sistema de pagamento pelo Carrefour Pay, que já existe em operação em alguns países da Europa, como França e Espanha. Trata-se da carteira digital da rede de varejo, que reúne informações dos cartões dos clientes da empresa. Por ele, será possível pagar pelo aplicativo dentro e fora da rede de lojas do Carrefour.

“A pergunta aí é que sistema iremos usar no Brasil, se o pagamento via QR Code [código de barras] ou o pagamento por aproximação do celular. E o problema é apostar em uma opção que, lá na frente, acabará morrendo. Então estamos tratando das duas possibilidades hoje para ver que caminho seguir”, diz ela.

A ideia é avançar com o teste com o QR Code para toda a base do cartão da rede no primeiro trimestre. Para o pagamento por aproximação, isso deve ocorrer no primeiro semestre. “O QR Code é mais fácil, quem esquecer o cartão pode baixar o app do Carrefour Pay e pagar sem o plástico nas mãos, apenas pelo ‘app’”.

Sobre o modelo de serviços do “marketplace”, a operação de venda de produtos de lojistas em seu site, o Carrefour diz que isso não é o foco da empresa agora. O Carrefour tem seu “marketplace”, mas é menor que o de varejistas de outros segmentos, como Lojas Americanas e Magazine Luiza.

Paula Cardoso diz que a empresa tem que “escolher quais brigas entrar”. A varejista entrou tardiamente no negócio virtual — ela deixou de operar o seu site no fim de 2012, por conta de uma profunda reestruturação, e voltou ao negócio em 2016.

“Não faço fulfilment [braço de venda de serviços aos lojistas do marketplace] e não vou me distrair com isso agora”, diz ela. “Isso está lá, na minha lista, mas não é prioridade. Eles [concorrentes] não vão competir comigo em alimentos e eu não vou competir com eles em determinadas áreas que não são meu foco agora”, disse

Paula Cardoso diz que não há um varejista nacional que lidera o mercado de venda on-line de alimentos no Brasil. Perguntada sobre o Grupo Pão de Açúcar (GPA), há mais de uma década neste mercado de comércio eletrônico e com uma operação mais madura, Paula Cardoso diz que a empresa não tem operação nacional. “São todos com atuação regional”, afirma (Fonte: Valor Econômico)

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