O Magazine Luiza assinou nesta segunda-feira, 29, um acordo de compra de 100% da Netshoes por US$ 2 por ação, numa operação de US$ 62 milhões, informou a rede. A transação precisa ser aprovada, em assembleia, por dois terços (66%) dos acionistas com direito a voto da Netshoes. A aquisição, portanto, ainda não foi concluída.
A rede fechou um entendimento com acionistas que representam 47,9% do capital social para que apoiem a oferta. Se a operação avançar, o Magazine Luzia deve fechar o capital da Netshoes na bolsa americana Nyse, apurou o Valor. Desde a oferta pública inicial de ações (IPO), em abril de 2017, a varejista on-line perdeu 85% de seu valor - fez IPO com a ação a US$ 18 e o papel fechou ontem a U$ 2,65. Desgastes entre sócios, balanços ruins e falhas de gestão afetaram seu valor de mercado.
Em nota, Marcio Kumruian, fundador da Netshoes, afirmou que, embora a empresa tenha trabalhado para se manter "independente", "os resultados financeiros e a pressão crescente sobre a posição de capital de giro" do grupo levou uma parte dos sócios a entrar em acordo com o Magazine.
O prejuízo da Netshoes quase dobrou em 2018, para R$ 332 milhões. De outubro a dezembro, a perda subiu 82%, para R$ 90 milhões. A empresa fechou o ano passado com capital de giro negativo em pouco mais de R$ 100 milhões, uma sinalização de que poderia precisar de aportes no curto prazo. A dívida líquida em dezembro somava R$ 140 milhões. Para efeito de comparação, o Magazine Luiza tem uma posição de caixa de R$ 2,2 bilhões, sem endividamento.
Ontem, com o fechamento da ação da Netshoes em US$ 2,65 (alta de 3,92%), o valor de mercado da empresa atingiu US$ 82,3 milhões - 33% acima dos US$ 62 milhões ofertados pelo Magazine. No "after-market" a ação da Netshoes caiu 24,5%, para R$ 2, no patamar do preço oferecido pelo Magazine. Desde o surgimento de novas informações sobre as negociações, a ação se valorizou 25%. Nos últimos 60 dias, a cotação média está em US$ 1,99.
Além do Magazine, B2W e Mercado Livre tinham interesse na Netshoes, mas o Magazine tinha o direito de exclusividade nas negociações até o fim deste mês, como informou o Valor na sexta-feira. Pelo menos a B2W aguardava o avanço ou não dessas conversas com o Magazine para voltar à mesa, segundo uma fonte ouvida.
Pelo acordo desenhado, o Magazine Luiza abrirá uma subsidiária nas Ilhas Cayman, onde a Netshoes tem a operação registrada, e haverá uma fusão da Netshoes e desta subsidiária do Magazine, sediada em Cayman. Os atuais acionistas da Netshoes receberão o valor de suas ações exclusivamente em dinheiro. Após a conclusão do negócio, a Netshoes será uma subsidiária do Magazine.
Com o acordo, o Magazine busca entrar numa operação, o varejo on-line de vestuário, que teve um recente aumento competição - a Amazon estuda entrar nessa área no país - e complexo do ponto de vista de distribuição, sistemas e tecnologia. A Netshoes já tem uma base de clientes de 6 milhões de pessoas.
A conclusão do negócio ainda está condicionada não apenas à aprovação de dois terços dos acionistas da Netshoes como também à aprovação pelo Cade.
(Fonte: Valor Econômico)
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